A jovem que não se curvou à Adolf Hitler


Embora pouco conhecida fora de seu país, Sophie Scholl é considerada um ícone na Alemanha, país onde nasceu e viveu sua extraordinária história. Há exatos 80 anos ela pagou com a própria vida o preço de não se curvar à Adolf Hitler. Recontada inúmeras vezes em livros, filmes e peças de teatro, sua resistência continua a inspirar as pessoas até hoje.

Sophie e seu irmão Hans viviam com a família na pacata cidade de Ulm quando os nazistas chegaram ao poder, em 1933. Ambos ainda estavam na escola: Hans nascera em 1918, Sophie, em 1921. O pai, Robert Scholl, trabalhava como consultor fiscal para sustentar os cinco filhos e, como liberal, não tinha muita simpatia pelos novos governantes. Ele e a esposa Magdalena procuravam educar as crianças segundo o modelo cristão de tolerância.

Mas os filhos dos Scholl ficaram fascinados com os nazistas. Hans fez rápida carreira na Juventude Hitlerista, a organização juvenil dos nacional-socialistas. Aos 16 anos, já comandava 160 jovens da entidade. Sua irmã mais nova, Sophie, também tivera forte simpatia pelo nazismo. Ela se juntou à Liga das Moças Alemãs, o braço feminino da Juventude Hitlerista. Assim como seu irmão, Sophie subiu logo a uma posição de liderança e era, segundo se recorda uma testemunha da época, "muito entusiasmada, muito fanática pelo nacional-socialismo".

O pai, um crítico fervoroso de Hitler, ficou horrorizado com o entusiasmo inicial deles. E a influência da família e dos amigos gradualmente começou a fazer efeito. Em 1942, os irmãos já tinham perdido a crença em Hitler e seu regime. Ambos se deram conta de que sua fé cristã e crenças morais não eram compatíveis com os objetivos nazistas. Hans começou a nutrir a convicção de que deveria fazer algo contra o regime criminoso. Convocado em 1942, viu em primeira mão os horrores da guerra. E também estava profundamente preocupado com o destino dos judeus perseguidos e deportados.

Enquanto jovens alemães eram enviados para lutar, Sophie escreveu, com amargura, a seu namorado Fritz Hartnagel, que também era soldado: "Não consigo entender como algumas pessoas continuamente arriscam a vida de outras. Nunca vou entender e acho que é terrível. Não me diga que é para a pátria."

A fim de estudar biologia e filosofia, ela seguiu os passos de seu irmão Hans e ingressou na universidade de Munique, onde ele estudava medicina. Ainda em 1942, Hans conseguiu na universidade um pequeno grupo disposto a combater o nazismo. Dele fazia parte o professor de Filosofia Kurt Huber, e Christoph Propst, Alexander Schmorell e Willi Graf e todos estudantes de Medicina. Sophie Scholl se uniu a eles em maio do mesmo ano.

Apoiados por uma rede de amigos e simpatizantes, o grupo que pasou a se chamar "Rosa Branca" imprimia e distribuía folhetos, incentivando os cidadãos a resistir ao regime nazista, denunciando o assassinato de judeus e exigindo o fim da guerra.

Em 18 de fevereiro 1943, Sophie distribuía panfletos junto com seu irmão na universidade, quando ela jogou uma pilha de papéis de um parapeito para o átrio da instituição e ambos foram descobertos e presos.

Funcionários da Gestapo assumiram os interrogatórios. Mesmo nessa situação desesperada, os irmãos provaram ter fibra. Ambos tentaram assumir para si toda a culpa. Sophie declarou ao oficial que a interrogava que não queria "ter nada a ver com o nacional-socialismo".

As provas contra eles eram contundentes. No dia 22 de fevereiro do mesmo ano, o chamado Tribunal Popular presidido por Roland Freisler anunciou as sentenças de morte. Naquele mesmo dia eles foram executados na guilhotina. As últimas palavras de Hans Scholl foram "Viva a liberdade!".

Sophie, morta com apenas 21 anos, é conhecida como uma das poucas alemãs que se opuseram ativamente ao Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial e é também vista como um mártir.

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